sexta-feira, 26 de abril de 2019

GENTE QUE HUMILHA GENTE



Todo poder é mesquinho quando nos encontramos a sós, nos corredores do nosso ser, com as nossas misérias humanas.

Somos um simples sopro que ganhou vida. Um amontoado de carne e ossos que, na sua fragilidade, pode ruir com uma simples gripe. Hoje respiramos, amanhã não. Hoje dormimos e acordamos, amanhã podemos apenas dormir. Nenhum dinheiro no mundo pode postergar nossa partida no momento em que ela chegar.

"Não sou nada, nunca serei nada", foi o que disse o poeta Fernando Pessoa. Se não somos e nunca seremos nada, qual o motivo da arrogância mesmo?

Tenho pavor de gente que humilha gente. Principalmente, partindo do princípio em que abrimos a janela do nosso ser e entendemos que somos todos feitos com a mesma matéria-prima. Em nossas narinas foi soprado o mesmo ar.

Dinheiro, fama e poder não garante cadeira cativa no próximo andar de uma vida futura, desconhecida e invisível.

A janela do nosso quarto é uma simples janela quando enxergamos apenas com os olhos. Mas, se fecharmos os olhos, vamos ouvir e sentir melhor. Isso é empatia. É fechar
os olhos da arrogância, da petulância, da discriminação, do racismo, da homofobia, e enxergar com os olhos da alma. É ouvir com os ouvidos do coração. É enxergar com os olhos da alma uma pessoa em meio a outras sete bilhões de pessoas. É torná-la única. É cativar e depois de cativar, cuidar.

Vale a pena visitar a alma do outro. Não há cidadão de primeira e segunda categoria. Somos bilhões de 'nada' e de 'tudo'. Somos pó.

Isaac Ioseph



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